Por Thiago Amorim - Historiador e Poeta
Um Samba de grande valor sempre ultrapassa os limites do tempo e alcança outras gerações; e, se tratando de sambas valiosos, os Originais do Samba possuem um inestimável tesouro
A princípio,
eles se chamavam Os Sete Modernos do Samba – nome sugestivo para um grupo cuja
música é atemporal e a atemporalidade é uma característica fundamental para
canções que devem se tornar memoráveis. Afinal, quem nunca dançou um bom
samba-rock ao som de “Falador Passa Mal”? Quem nunca riu com o trocadilho
[proposital ou não] no refrão da música “A Dona do Primeiro Andar”? Quem nunca
cantou numa roda de samba “Esperanças Perdidas”? Eis aí o que faz desse grupo
uma das principais referências do nosso samba e é forçoso que nos lembremos o
quanto eles contribuíram para o enriquecimento da nossa música popular.
Formado originalmente por Mussum
[reco-reco]; Rubão [surdo]; Bigode [pandeiro]; Bidi [cuíca]; Chiquinho [ganzá]
e Lelei [tamborim], o grupo começou a se apresentar no início da década de 60 em
espetáculos no Copacabana Palace como “O Teu Cabelo Não Nega” e, depois de excursionar
pelo México, fixou-se em
São Paulo. Entre os diversos festivais que participou,
acompanhou Elis Regina na Primeira Bienal do Samba com a canção vencedora
“Lapinha” de Baden Powel. A cada novo álbum que o conjunto gravava sempre havia
um samba que faria muito sucesso – o que lhe rendeu, no início da década de 70,
três discos de ouro!

No final dos anos 70, após
recusar algumas propostas para ingressar na carreira televisiva, Mussum foi
convencido por Manfried Santana [Dedé Santana] a juntar-se aos Trapalhões. A
partir de então, o grupo sofreu algumas alterações; no entanto, seguiu seu
caminho pelo qual passaram outros grandes nomes como Almir Guineto e Branca di
Neve. Atualmente o conjunto está na ativa se apresentado pelo Brasil; também inspira
e influencia outros grupos que propagam a magnífica cultura do samba-rock, como
deve ser. O fato é que um bom samba é de lei: ele não nasce para ser tão-somente
apreciado, mas perpetuado! Que outras gerações venham e conheçam os sambas de
grande valor que foram divinamente compostos para elevar nossas almas ao
sublime: Viva Os Originais do Samba! Viva o samba-rock!