O Samba nas lentes de Felipe Mariano
Redação por Vera Marini, Edição por Thaís Marini
O Samba em sua
essência é mais do que um ritmo ou uma dança. É um todo cultural e desperta em
várias escolas artísticas o desejo de registrá-lo. Música,
Dança, Pintura, Gastronomia, Literatura... É todo esse universo de
manifestações que o torna tão encantador.
Todos sabemos da
importância que os registros têm para a pesquisa e para o entendimento do nosso
momento atual.São informações que vamos deixar para a escrita histórica precisa
desse ritmo tão querido. As lentes de Felipe Mariano contribuem de forma
significativa para isso, clicando o cotidiano do Samba em várias situações.
Felipe Mariano do
Nascimento é formado em
arquitetura e design gráfico. Fotografia era somente um hobby, que virou paixão
e hoje é profissão. Há 2 anos, Felipe trabalha com fotografia mas dá
enfoque especial a registros de
espetáculos e rua.
SSC - Qual a sua história com o Samba?
Felipe Mariano - Apesar de ter um gosto musical eclético, sempre tive
preferência por prestigiar música brasileira, especialmente o Samba. Desde
sempre procuro ir a shows ou frequentar bares e lugares que tenham uma roda de Samba.
Sempre são os lugares mais animados para ir!
Há 3 anos me matriculei
na Solum, uma escola de Dança de Salão, para aprender a dançar Samba-Rock e
Gafieira. Lá conheci muita gente com os mesmos interesses em comum. Não perco
nenhum baile da escola e procuro estar sempre presente nos lugares onde os meus
amigos combinam de ir dançar Samba. Não sou nenhum Carlinhos de Jesus, claro,
mas o importante é a diversão.
SSC - O que faz você ter vontade de registrar imagens de Samba?
Felipe Mariano - Como disse o fotógrafo
Henri-Cartier Bresson, "Fotografar é colocar na mesma linha de mira a
cabeça, o olho e o coração". Partindo dessa ideia, eu lhe digo que o olhar
de cada fotógrafo (profissional ou amador) tende a ser direcionado ao que – de
alguma forma – mexe com o seu coração ou sua mente. Adoro Samba, gosto da
energia que o ritmo transmite! Sempre me gera cenas alegres para registrar.
Pelo menos, eu nunca vi ninguém sambando com cara fechada…
SSC - Existe uma preparação para o registro ou você percebe a
Felipe Mariano - A única preparação é referente ao estado de espírito. Prefiro
captar cenas espontâneas, sem que ninguém perceba que estou ali fotografando.
Na verdade, seria ótimo se pudesse me tornar invisível em certos momentos.
SSC - Qual a emoção de ver a
imagem revelada de maneira tão bela?
Felipe Mariano - Sensação de dever cumprido, de emoção eternizada.
SSC - Sua leitura do Samba é uma foto que passa o real e ao mesmo
tempo tem uma delicadeza toda singular. Você busca isso quando vai fazer a
foto? Um real, mas que transcende com sua delicadeza?
Felipe Mariano - Na mosca! Quase sempre procuro cenas reais, sim. Mas é aí que
entra a leitura do fotógrafo. Por exemplo: em muitas situações, a cena à
minha frente, realmente, pode ser algo diferente do que está me parecendo. Não
procuro entender exatamente qual é a realidade daquela situação, vou lá e clico
a realidade que eu enxerguei. Nesse caso, estou
registrando a minha realidade, o que me parece real, entende?
SSC -A foto em branco e preto de certa forma contribui para isso? Aliás, você gosta dessa opção – branco
e preto. Por que? Talvez para passar uma ideia de
atemporalidade?
Felipe Mariano - Certamente! A foto em PB tem uma leitura mais pura. Quando não há
cores, outros elementos da foto (expressões, formas, movimento, texturas etc.) ganham força
Além de atemporalidade,
o PB é mais poético. A cor é uma informação que pode ser irrelevante, ou até
mesmo atrapalhar o observador da foto. Fisiologicamente, a informação
"cor" é o que o cérebro processa primeiro quando olhamos para algo.
Desse modo, se a foto estiver ótima, mas com cores ruins, vamos tender a não
gostar muito da foto. Ou seja, a cor está atrapalhando a foto, entende? Um
fotógrafo de rua em uma cidade como São Paulo, por exemplo, tem um trabalho
redobrado para captar cores com excelência. Eu tenho.
Felipe Mariano - Ainda não tinha parado pra pensar nisso, sabia? Observando
novamente as minhas fotos de Samba, vi que tenho uma quantidade muito parecida
de cada temática. Mas as que mais gosto são as de mulheres. As fotos com elas
têm mais movimento, mais expressões, mais "explosão"… Elas "se
jogam" mais no Samba!
SSC - Quais as dificuldades em se fazer registros de Samba ?
Felipe Mariano - Tecnicamente, quando há pouca luz. Ou quando não estou em um dia
muito bom e tenho que captar cenas alegres… Aí me exige um trabalho interno,
uma certa concentração.
Felipe
Mariano ministra cursos de fotografia para iniciantes todos os meses em meu
escritório na Consolação. As duas próximas turmas iniciarão nos dias 20/04 das 10h às 14h; e
outra dia 25/04 das 19h às 23h. Realiza palestras e cursos se necessário e
conforme interesse fora do seu local de trabalho.
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